29.9.12

Náufragas 21









Garrafa 1: Zoológico, Terra Imaginárias
Conteúdo: Rodoviária

Garrafa 2: Quadra de Vôlei de Areia, Parque da Cidade. 
Conteúdo:A gente era tanto, que nunca fomos nada 

Garrafas 3: SQN 410
Conteúdo: Alto Mar, Terras imaginárias.

Garrafa 4: Rio de Janeiro, Aeroporto Galeão
Conteúdo:
Ai! Que saudade eu tava, desse mar que nos separa. Que me entra pelos olhos e me afoga a dor do coração. (T. Torres)

Garrafa 5: SQN 406 norte
Conteúdo: "Bato à porta da pedra.
- Abre. Sou eu.
Não procuro em ti eterno asilo.
Não me sinto infeliz.
Não sou um sem-abrigo.
O meu mundo é digno de regresso.
Hei-de entrar e sair de mãos vazias.
E como prova real de ter estado,
não apresentarei senão palavras
a que ninguém dará crédito.
- Não entras - diz a pedra.
Falta-te sentido de participação.
E nenhum outro sentido pode substituí-lo.
Nem um olhar omnividente
te servirá de nada sem esse sentido.
Não entras. Em ti esse sentido é vaga intenção.
Vago é o seu germe, a sua concepção.
Bato à porta da pedra.
- Abre. Sou eu.
Não posso esperar dois mil séculos
para me recolher ao teu telhado.
- Se não acreditas em mim - diz a pedra -
vai ter com a folha, dir-te-á o mesmo.
Com a gota de água e o mesmo te dirá.
Pergunta por fim a um cabelo da tua própria cabeça.
Estou prestes a rir às gargalhadas
De rir como a minha natureza me impede de rir.
Bato à porta da pedra.
- Abre. Sou eu.
- Não tenho porta - diz a pedra."

Wislawa Szymborska



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